13 de mai. de 2014

Resenha: BRUMAS DA ILHA

Título: Brumas da ilha
Autor: Bianca R. Furtado
Editora: Isis
Ano: 2010
Pág.: 291
ISBN: 978-85-88886-59-9

SINOPSE:
No ano de 1747, inicia a imigração de açorianos à Ilha de Nossa Senhora do Desterro - atual Florianópolis -, Santa Catarina. Até 1956 mais cinco levas chegarão para ajudar a povoar a ilha. Entre esses anos, um cargueiro aporta em Desterro. Mais que alimentos e ferragens, o capitão traz escondido em seu porão mulheres fugidas do Arquipélago de Açores. Feito brumas, elas chegam à ilha sem registros e sem autorização da Coroa Portuguesa. Mas quem são essas mulheres? Do que estavam fugindo? Entre relatos fictícios e fatos históricos, a personagem tece sua história: a saga de mulheres que viviam no Arquipélago de Açores e tiveram que deixar suas vidas e o que mais sagrado havia em suas almas para então se lançarem numa incógnita fuga para a América. Um romance que aborda o sagrado feminino, o universo das mulheres com suas esperanças, seus medos, suas sombras e sonhos. Um livro femíneo, que mergulha na figura da mulher intuitiva, visceral, presciente e densa; a então mulher intitulada bruxa.


Este livro, que chegou a minhas mãos como um presente de amigos queridos, difere da minha leitura habitual e isto é que foi maravilhoso.Talvez ele não chamasse minha atenção na livraria e eu teria perdido a oportunidade de conhecer uma história excelente, rica. Mas como nada é por acaso, tive o prazer de lê-lo.
Brumas da Ilha conta a história de Lunae, uma jovem que vive com a avó e a irmã caçula na Ilha de Flores, no Arquipélago de Açores, Portugal. Estamos falando do ano de 1745, quando começa a narrativa de Lunae sobre sua vida. São mulheres que vivem com simplicidade, trabalhando duro para conseguir o sustento diário. A avó, D.Luzia é a benzedeira da ilha, conhecida e procurada por todos que lá vivem para cura de enfermidades. A irmã Ignis é um espírito livre, como Lunae a define. Vive correndo livre, descalça, entre os bichos e a mata. Apesar de aparentemente comuns, estas mulheres pertencem a Velha Religião e cultuam a Grande Mãe.  Intimamente ligadas à natureza, chegam a exercer poder sobre os quatro elementos, fazendo com que moradores comuns da ilha a vejam com reserva e até chegam a nomeá-las como bruxas.  São mulheres que vivem para a prática do bem, o respeito a natureza e todos os seres vivos, mas que fazem estranhos rituais de celebração, destoando totalmente das regras da Igreja Católica. E elas não são as únicas mulheres assim, há outras no Arquipélago que vivem juntas, afastadas da sociedade para poderem ter paz em suas vidas.
E as três vão vivendo tranquilamente até que a revelação de um grande segredo familiar muda o rumo da vida de Lunae. Entre a descoberta do seu forte papel na religião, as tentações e o amor perdido, Lunae demonstra uma força espetacular e um respeito enorme as suas crenças. Obrigadas a deixarem a Ilha das Flores, Lunae e as outras mulheres da Velha Religião partem para terras desconhecidas e distantes. A chegada a Ilha de Nossa Senhora do Desterro ocorre em condições precárias de saúde e total desamparo. Um novo desafio, em uma nova terra, com diferentes crenças e novas provações..
Brumas da Ilha é uma história mística que nos apresenta o universo feminino diferente do que vivemos hoje, mas com conflitos, sonhos e desejos que fazem parte da natureza da mulher de qualquer tempo. Quer seja hoje ou em meados de 1700.




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