Autor: Bianca R. Furtado
Editora: Isis
Ano: 2010
Pág.: 291
ISBN: 978-85-88886-59-9
SINOPSE:
No ano de 1747, inicia a imigração de açorianos à Ilha de Nossa Senhora do Desterro - atual Florianópolis -, Santa Catarina. Até 1956 mais cinco levas chegarão para ajudar a povoar a ilha. Entre esses anos, um cargueiro aporta em Desterro. Mais que alimentos e ferragens, o capitão traz escondido em seu porão mulheres fugidas do Arquipélago de Açores. Feito brumas, elas chegam à ilha sem registros e sem autorização da Coroa Portuguesa. Mas quem são essas mulheres? Do que estavam fugindo? Entre relatos fictícios e fatos históricos, a personagem tece sua história: a saga de mulheres que viviam no Arquipélago de Açores e tiveram que deixar suas vidas e o que mais sagrado havia em suas almas para então se lançarem numa incógnita fuga para a América. Um romance que aborda o sagrado feminino, o universo das mulheres com suas esperanças, seus medos, suas sombras e sonhos. Um livro femíneo, que mergulha na figura da mulher intuitiva, visceral, presciente e densa; a então mulher intitulada bruxa.
Este livro, que chegou a minhas mãos como um presente de amigos queridos, difere da minha leitura habitual e isto é que foi maravilhoso.Talvez ele não chamasse minha atenção na livraria e eu teria perdido a oportunidade de conhecer uma história excelente, rica. Mas como nada é por acaso, tive o prazer de lê-lo.
Brumas da Ilha conta a história de Lunae, uma jovem que vive com a avó e a irmã caçula na Ilha de Flores, no Arquipélago de Açores, Portugal. Estamos falando do ano de 1745, quando começa a narrativa de Lunae sobre sua vida. São mulheres que vivem com simplicidade, trabalhando duro para conseguir o sustento diário. A avó, D.Luzia é a benzedeira da ilha, conhecida e procurada por todos que lá vivem para cura de enfermidades. A irmã Ignis é um espírito livre, como Lunae a define. Vive correndo livre, descalça, entre os bichos e a mata. Apesar de aparentemente comuns, estas mulheres pertencem a Velha Religião e cultuam a Grande Mãe. Intimamente ligadas à natureza, chegam a exercer poder sobre os quatro elementos, fazendo com que moradores comuns da ilha a vejam com reserva e até chegam a nomeá-las como bruxas. São mulheres que vivem para a prática do bem, o respeito a natureza e todos os seres vivos, mas que fazem estranhos rituais de celebração, destoando totalmente das regras da Igreja Católica. E elas não são as únicas mulheres assim, há outras no Arquipélago que vivem juntas, afastadas da sociedade para poderem ter paz em suas vidas.
E as três vão vivendo tranquilamente até que a revelação de um grande segredo familiar muda o rumo da vida de Lunae. Entre a descoberta do seu forte papel na religião, as tentações e o amor perdido, Lunae demonstra uma força espetacular e um respeito enorme as suas crenças. Obrigadas a deixarem a Ilha das Flores, Lunae e as outras mulheres da Velha Religião partem para terras desconhecidas e distantes. A chegada a Ilha de Nossa Senhora do Desterro ocorre em condições precárias de saúde e total desamparo. Um novo desafio, em uma nova terra, com diferentes crenças e novas provações..
Brumas da Ilha é uma história mística que nos apresenta o universo feminino diferente do que vivemos hoje, mas com conflitos, sonhos e desejos que fazem parte da natureza da mulher de qualquer tempo. Quer seja hoje ou em meados de 1700.
Ana, que legal que gostou ... fico feliz
ResponderExcluirGostei muito Virginia. Obrigada pelo presente!
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