24 de jul. de 2018

Resenha: Não chore, não

Não chore, não
Mary Kubica
2018, Planeta

SINOPSE:

No centro de Chicago, a jovem Esther Vaughan desaparece de seu apartamento sem deixar vestígios. Uma carta sombria dirigida a “Meu bem” é achada entre seus pertences, deixando sua colega de apartamento, Quinn Collins, se perguntando onde a amiga estaria e se ela era - ou não - a pessoa que Quinn achava que conhecia.

Enquanto isso, em uma pequena cidade de porto de Michigan, uma mulher misteriosa aparece no tranquilo café onde Alex Gallo trabalha lavando pratos. Ele é atraído imediatamente pelo seu charme e beleza, mas o que começa como uma paixão inofensiva rapidamente se transforma em algo mais sinistro...

Não chore, não é da mesma autora de A garota perfeita (leia sobre esse livro aqui), Mary Kubica e conta a história do desaparecimento de uma jovem em Chicago, Esther Vaughan e da pacata vida de Alex Gallo que se interessa por uma estranha que surge em sua cidade. 

A história é contada do ponto de vista da colega de quarto de Esther, Quinn alternando com a narração de Alex. Quinn acorda um dia e percebe que sua amiga não está no apartamento e que, aparentemente, ela saiu pela janela do quarto dela deixando-a aberta. A garota demora a tomar uma atitude e fica esperando Esther voltar, achando que existe alguma explicação para o comportamento anormal de sua colega. Confesso que essa postura de Quinn me incomodou muito... não é normal uma pessoa ficar tão tranquila com o desaparecimento de alguém. 

Alex Gallo é o único jovem de sua turma que não foi para faculdade, ficando em casa com o pai problemático. Ele trabalha como lavador de pratos em uma lanchonete e leva uma vida sem qualquer emoção, até que uma bela  jovem entra e se senta perto da janela, observando misteriosamente as casas do outro lado da calçada. Alex de imediato se interessa pela garota e passa a observa-la a distância e até a segui-la. 

Os capítulos do livro são curtos, mas o início do livro acaba sendo meio arrastado. Fica alternando entre Quinn não fazendo quase nada para encontrar Esther e Alex querendo saber mais da garota, mas também fazendo pouco para isso. Eu cheguei a me desmotivar no início, mas persisti e garanto que valeu muito a pena. A história toma um rumo totalmente inesperado e tenso. Se eu tivesse me deixado levar pelas primeiras impressões, teria perdido um desfecho intenso que fez valer toda a leitura. 

Não chore, não trata de temas difíceis como maldade, abandono e escolhas difíceis. 
Minha dica é: leia esse livro! Insista caso o início não pareça promissor... garanto que valerá a pena cada página virada!

A edição está muito bonita, com uma bela capa e com as páginas naquele tom amarelinho suave do jeitinho que a gente gosta e não cansa os olhos! 

18 de jul. de 2018

Resenha: Nunca houve um castelo

Nunca houve um castelo
Martha Batalha
2018, Companhia das Letras

SINOPSE:
Rio de Janeiro, 1968. Estela, recém-casada, mancha com choro e rímel a fronha bordada de seu travesseiro. Uma semana antes ela estava na festa de Réveillon que marcaria de modo irremediável seu casamento. Estela sabia decorar uma casa, receber convidados e preparar banquetes, mas não estava preparada para o que aconteceu. 
Setenta anos antes, Johan Edward Jansson conhece Brigitta também em uma festa de Réveillon, em Estocolmo. Eles se casam, mudam-se para o Rio de Janeiro e constroem um castelo num lugar ermo e distante do centro, chamado Ipanema. 
Nunca houve um castelo explora como essas duas festas de Ano-Novo definem a trajetória dos Jansson ao longo de 110 anos. É uma saga familiar embebida em história, construída com doses de humor, ironia e sensibilidade. A riqueza e a complexidade dos múltiplos personagens criados por Batalha permitem tratar de temas que se entrelaçam e definiram a sociedade brasileira nas últimas décadas, como o sonho da ascensão social, os ideais femininos e feministas, a revolução sexual, a reação ao golpe militar, a divisão de classes, a deterioração do país. 
Um romance comovente sobre escolhas e arrependimentos, sobre a matéria granular da memória e as mudanças imperceptíveis e irremediáveis do tempo.

Em 2016, despretensiosamente, comprei o A vida invisível de Eurídice Gusmão por dois motivos: 1- eu acho a capa incrível e 2- estava com saudades de ler autoras nacionais. O resultado foi um dos livros que mais me surpreendeu e mais uma autora nas listas para admirar: Martha Batalha.
Pois bem que agora, no início de 2018, ela lançou seu segundo livro pela Companhia das Letras, Nunca houve um castelo. Claro que não descansei até comprá-lo e terminar a leitura.
Martha Batalha recriou e construiu a história dos descentes de Johan Jansson, um cônsul da Suécia no Brasil que construiu um castelo em Ipanema, em 1904.

“ – O que existe depois daquela igrejinha? – Perguntou Brigitta.
– Nada – disse Johan.
Nas muitos vezes em que se lembrou desse dia, Johan não soube dizer se foram as vozes ou a ausência delas que fizeram sua mulher dizer:
       Então é para lá que devemos ir.”

Começando por Johan e Brigitta e passando pelos filhos, netos, pais, noras e conhecidos, a autora conta a história de cada personagem que participa deste livro. Todos eles tem início, meio e fim, e isso é fantástico.
Todos que passam pelas páginas são igualmente importantes e reais, ou seja, eles erram, acertam, tem medos e certezas. O leitor se envolve muito com a família e é incrível ver como o tempo e os acontecimentos modificam tanto as pessoas, as relações e o próprio Rio de Janeiro.
Ela cobre quase um século da história de Ipanema, um dos bairros mais famosos do Rio de Janeiro, e também do Brasil, já que dá destaque para duas coisas muito importantes: a ditadura e o fortalecimento da mulher na sociedade.
Outra preocupação clara da autora é o contexto histórico do livro, é notável toda a pesquisa e vivencia que ela teve que passar para escrever com tanta propriedade.
Uma característica que eu já havia amado no primeiro dela, e só fortaleceu nesse é como ela retrata tão bem o universo feminino. Todas as personagens mulheres são fortes, bem construídas e cativantes, cada uma a sua maneira.

"Para que se casar? Gostava de ser muitas mulheres, desde que nenhuma fosse a mulher de alguém."

Além disso, Nunca houve um castelo traz doses de humor, de tensão, amor, traição, dúvidas, amizades... resumindo: é extremamente real. E, apesar de retratar um outro século, é muito atual (o que dá mais força para a crítica social que o livro apresenta)
Sabe aquele livro que você dá risada em uma página, quase chora três páginas depois, tem raiva de um personagem ou de uma situação no começo do capítulo e termina o mesmo torcendo por ele? É exatamente assim.
Obrigada por mais um romance completo, sensível e profundo, Martha <3

11 de jul. de 2018

Resenha: Um de nós está mentindo


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UM DE NÓS ESTÁ MENTINDO
Karen M. McManus
2018, Galera Record

SINOPSE:
Numa tarde de segunda-feira, cinco estudantes do colégio Bayview entram na sala de detenção: Bronwyn, a gênia, comprometida a estudar em Yale, nunca quebra as regras. Addy, a bela, a perfeita definição da princesa do baile de primavera. Nate, o criminoso, já em liberdade condicional por tráfico de drogas. Cooper, o atleta, astro do time de beisebol. E Simon, o pária, criador do mais famoso app de fofocas da escola. Só que Simon não consegue ir embora. Antes do fim da detenção, ele está morto. E, de acordo com os investigadores, a sua morte não foi acidental. Na segunda, ele morreu. Mas na terça, planejava postar fofocas bem quentes sobre os companheiros de detenção. O que faz os quatro serem suspeitos do seu assassinato. Ou são eles as vítimas perfeitas de um assassino que continua à solta? Todo mundo tem segredos, certo? O que realmente importa é até onde você iria para proteger os seus.

Esta resenha é a primeira coisa que estou fazendo após terminar de ler Um de nós está mentindo, da autora norte-americana Karen M. McManus. Estou fazendo isso porque fiquei tão encantada por essa obra que quero escrever enquanto a história está recente em minha cabeça.

Ao contrário da grande maioria dos livros que eu leio, esse não chegou até mim através de indicação de ninguém. Navegando pelo site da livraria, me encantei pela junção da capa, título e subtítulo e ele entrou na minha lista de desejos. Depois de ler as 384 páginas em 3 dias, posso dizer que ele fez jus às minhas expectativas.

Um de nós está mentindo é narrado pelos quatro personagens principais, que se alternam entre si e contam a história em tempo real, cada um do seu ponto de vista. São eles Bronwyn, a gênia; Addy, a bela; Nate, o criminoso; e Cooper, o atleta. Apesar de serem os estereótipos clichês da uma ensino médio norte-americano, todos os personagens me impressionaram muito conforme a história se desenvolve.

Os quatro protagonistas, que possuem pouca ligação entre si, vão parar na detenção com Simon, o criador do aplicativo de fofocas da escola que já arruinou a vida de muitos alunos. Porém, antes do final da detenção, Simon morre e as pessoas que estiverem com ele por último na sala são as principais suspeitas, já que todos tem ótimos motivos para terem cometido o assassinato.

Obviamente alguém sabe mais do que está contando e com certeza há muito segredos, armadilhas e mentiras por traz da morte de Simon, e a grande pergunta é: Você é capaz de ligar dos pontos e descobrir a verdade?

Quanto mais você se envolve com os personagens e torce para nenhum deles ser o culpado, mais fica impossível parar de ler um só minuto, até descobrir a verdade.

A autora amarrou muito bem cada detalhe da história, de modo que o leitor muda de suspeito a todo momento e, no final, mesmo que estivesse correto, acaba surpreendido de outra maneira. A escrita é muito envolvente e a construção dos personagens é gradativa, o que me agradou muito. No começo todos eles parecem muito superficiais, mas a história se desenrola e apresenta o melhor (e o pior) de cada um deles.

Além do mistério e da pressão que a polícia e os jornais estão colocando nos alunos, há também várias doses questões adolescentes (aqueles clichês que a gente ama num livro, né?): amor, dúvidas, traição, amizades improváveis, problemas familiares etc.

Como ponto negativo, apenas uma questão técnica: encontrei vários problemas de impressão como letras faltando, páginas meio tortas e outras muito carregadas de tinta... coisas que eu já tinha reparado em outros livros da editora Record.

Adorei o livro e indico muito!